A Igreja Católica condenou o comunismo desde o princípio, como pode ser observado em diversas encíclicas papais que denunciam a falsa ideologia de Marx e Engels. Comunismo e socialismo são doutrinas absolutamente incompatíveis com a fé católica, e neste breve texto serão expostas as razões dessa incompatibilidade.
Um binômio impossível
O comunismo de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) tem como fundamento a luta de classes entre dois grupos antagônicos: os “oprimidos” e os “opressores”. É uma ideologia que fomenta o ódio e promete um “paraíso” na terra por meio da luta armada. Porque incita o ódio e joga irmãos contra irmãos, esse tipo de pensamento é totalmente anticristão.
Além disso, a ideologia comunista defende uma repartição forçada entre os bens, para que tudo seja comum a todos, pois não reconhece a propriedade privada, que o papa João XXIII afirmou ser um bem natural, um direito inerente à natureza humana, assim como os bens de produção (Pacem in Terris, n° 21).
Karl Marx coloca a política no lugar de Deus. A própria história nos mostra os efeitos nefastos dessa inversão: milhões de mortes causadas pelos governos comunistas. Ainda segundo a análise marxista, a verdadeira felicidade está nos bens materiais deste mundo, sendo a religião “o ópio do povo”. Portanto, a ideologia de Marx e Engels despreza completamente a presença do Reino de Deus.
Em oposição aos valores marxistas, o cristianismo reconhece que o homem possui uma alma espiritual e desejos transcendentais, que inclusive levaram grandes homens ao longo do tempo a desprezarem os bens materiais, como Santo Agostinho, São Francisco de Assis, Santa Teresa de Ávila, São João Bosco e diversos outros.
Igreja Católica e comunismo: o que dizem os documentos magisteriais
Logo em 1846, antes que o Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels fosse publicado (1848), o Papa Pio IX promulgou a encíclica Qui Pluribus, sobre fé e religião, na qual já combatia vigorosamente as ideias de Marx.
Nesse ponto, a doutrina nefasta do comunismo, como eles dizem, é mais adversa à própria lei natural; uma vez admitido, os direitos de tudo, coisas, propriedade e até a própria sociedade humana seriam perturbados pelo fundo. A esse aspecto estão as armadilhas tenebrosas daqueles que, em mantos de cordeiros, mas com espírito de lobos, se insinuam com falsas aparências de piedade mais pura e de virtude e disciplina mais severas: surpreendem gentilmente, fecham ligeiramente, matam ocultamente; afastam os homens da observância de toda religião e destroem o rebanho do Senhor.” (Encíclica Qui Pluribus do Sumo Pontífice Pio IX)
Em 1878, o Papa Leão XIII chamou a atenção para os males do socialismo na encíclica Quod Apostolici Muneris, lançando um alerta sobre o projeto socialista de destruição do matrimônio e da família. De fato, para o comunismo não pode haver maior fidelidade – nem mesmo a Deus e à família – do que a obediência ao estado.
Treze anos depois, em 1891, Leão XIII voltou a escrever outra encíclica, agora a Rerum Novarum, a respeito do trabalho, do capital e da classe operária. O documento enfatiza que a solução socialista instiga nos pobres o ódio invejoso contra os ricos, além de suprimir toda a propriedade de bens particulares, colocando todo e qualquer bem individual como comum a todos.
Ora, como bem esclarece Leão XIII:
“Esta conversão da propriedade particular em propriedade coletiva, tão preconizada pelo socialismo, não teria outro efeito senão tornar a situação dos operários mais precária, retirando-lhes a livre disposição do seu salário e roubando-lhes, por isso mesmo, toda a esperança e toda a possibilidade de engrandecerem o seu patrimônio e melhorarem a sua situação” (Encíclica Rerum Novarum).
Em 1931, o Papa Pio XI publicou a carta Quadragesimo Anno, por ocasião do 40º aniversário da encíclica Rerum Novarum, que chamou de “Carta Magna” da Doutrina Social Católica:
“Se este erro, como todos os mais, encerra algo de verdade […], funda-se contudo numa concepção própria da sociedade humana diametralmente oposta à verdadeira doutrina católica. ‘Socialismo religioso’ e ‘socialismo católico’ são termos contraditórios: ninguém pode ser ao mesmo tempo bom católico e verdadeiro socialista”.
Em 1937, Pio XI declara que o comunismo é ‘intrinsecamente perverso’, sendo inadmissível em qualquer área a colaboração com ele (Divini Redemptoris, n° 68) Ele recorda a necessidade de desapego dos bens terrenos e o preceito da caridade. “Bem-aventurados os pobres de espírito” (Mt 5, 3), Cristo nos ensina no sermão da montanha, lição fundamental em tempos de materialismo sedento e prazeres terrenos.
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A Igreja não condena o comunismo só porque é ateu
Em uma alocução em 13 de maio de 1950, Pio XII deixou bem claro que o ateísmo não é a única característica pela qual a Igreja condena o socialismo e o comunismo:
“Levando o maquiavelismo às últimas consequências, só faz dividir, divide tudo. Esse processo de divisão destrói o corpo social, favorecendo toda espécie de antagonismos e atritos, desarticulando os grupos dirigentes sadios e anestesiando o corpo social, numa dialética que o desmoraliza e fragmenta. Essa é a essência da práxis comunista. A doutrina católica é totalmente o oposto do ‘ódio social’; supõe uma atitude integradora, harmonizadora de todos os setores em seus legítimos interesses; parte do respeito à pessoa e aos seus direitos essenciais, da vitalidade das famílias, da coordenação dos grupos intermédios e associações profissionais. E tudo isso sob a supervisão do estado, como procurador do bem comum, e da Igreja, sempre atenta ao bem das almas. A Igreja não condena o comunismo só porque é ateu; condena-o, além disso, por ser uma teoria e uma práxis destruidora da ordem social e econômica de convivência.“
Há inúmeros motivos, portanto, para atestar que Igreja Católica e Comunismo são incompatíveis, ainda que muitas correntes modernas sugiram o contrário.
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