Leia abaixo o primeiro capítulo do livro O Pensador Completo: A Mente Maravilhosa de G. K. Chesterton.
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Se não se deve ensinar religião às pessoas, poder-se-ia ensinar-lhes a razão – a filosofia. Se o Estado não deve ensiná-las a rezar, poderia ensiná-las a pensar. Quando digo que dever-se-ia ensinar as crianças a pensar, não tenho em mente (como muitos modernos) que se lhes deveria ensinar a duvidar, pois os dois processos não apenas não são a mesma coisa, como, sob muitos aspectos, são opostos. Duvidar nada mais é do que destruir, ao passo que pensar é criar.
– Daily News, 22 de junho de 1907
Numa época em que a filosofia predominante afirma que a verdade é relativa, ou basicamente incognoscível, ou estritamente pessoal, ou em grande parte irrelevante – em outras palavras, quando nossa única certeza é a incerteza – nada há de mais irritante do que alguém que surja destroçando essas conclusões que, por si, nada concluem. Não há nada mais inquietante do que alguém que tenha posto as coisas em ordem. A pessoa mais indesejada em um campus de universidade, hoje em dia, é aquele que pode sustentar, de forma persuasiva, que existe uma verdade absoluta, da mais alta importância, acessível e universal. Isso explica, em parte, porque G. K. Chesterton não é ensinado, estudado ou mesmo levado em conta na maioria de nossas universidades.
Naturalmente, ele também viola quase todos os princípios do politicamente correto: ele critica o feminismo, o vegetarianismo, a arte moderna (a partir do Impressionismo), o verso livre, a pornografia, a imoralidade, a contracepção, a educação compulsória e a música alta em restaurantes. Ele desafia os deuses: Darwin, Marx, Freud e Nietzsche. Ele critica até mesmo James Joyce!
Mas isso são detalhes. Ele é excluído do ensino superior não pelas coisas que ataca, mas sim pelas coisas que defende – o casamento, os bebês, a Civilização Ocidental, as Cruzadas, a Igreja Católica e, como se não bastasse, defende ainda o uso do tabaco.
Todavia, seus ataques equilibrados desorientam a todos: ele critica tanto o socialismo quanto o capitalismo, tanto o intervencionismo estatal quanto os grandes negócios, tanto os liberais quanto os conservadores. Também o paganismo e o puritanismo, os otimistas e os pessimistas e, até mesmo, o café, o chá e o achocolatado, “que despertam, mas não estimulam”, e que nunca produziram boas canções populares.[1]
Mas, apesar de todas estas aparentes desvantagens, G. K. Chesterton leva vantagens sobre os seus adversários. Ele é maior do que eles – e, ao dizer isso, não me refiro aos seus 130 kg, pelos quais ele se intitulava “o homem mais polido da Inglaterra”, uma vez que podia ficar de pé em um ônibus e oferecer seu assento a três mulheres de uma só vez. Não. Refiro-me ao fato de ele ter feito algo maior do que ele próprio – um incrível e incalculável corpo de escritos, que parece cobrir tudo e que revela G. K. Chesterton como um dos mais raros tipos de ser humano: um pensador completo. Seus adversários padecem não apenas de pequenez, mas também de estreiteza. Eles podem discordar de Chesterton no ponto que os afeta ou na questão que mais lhes preocupa, mas tudo o que têm para oferecer é aquele ponto ou aquela questão isolada; não demonstram nenhum pensamento além daquilo. As feministas não podem ir além do seu feminismo; os socialistas, do seu socialismo; os capitalistas, do seu capitalismo; os evolucionistas, das suas células; os psicólogos, dos seus passados. Todos eles estão comicamente obcecados com a pequena coisa que os define. Chesterton nem mesmo pode ser definido – não pode ser rotulado – uma vez que nossas categorias são muito pequenas para contê-lo. Ironicamente, o homem de 130 kg move-se por entre as gretas. O problema, naturalmente, não está em Chesterton, mas sim em nossa forma compartimentada de pensar e em nossa forma departamentalizada de ensinar. No mundo moderno tudo está separado de tudo, o que é visível em toda parte mas, especialmente, em nossas escolas.
O presente colapso desse país começou quando … pela primeira vez a Educação foi substituída pela cultura … [quando] a instrução foi considerada uma substituta para a educação … [quando] os homens começaram a aceitar apenas os fatos dados pelo ensino, deixando de lado a verdade transmitida pela tradição – pois os fatos, além de poucos, eram cuidadosamente selecionados e, quase sempre, triviais. Os fatos eram, em suma, aqueles que agora são ensinados pelo novo poder da Educação Compulsória[2].
O verdadeiro objetivo da educação deveria ser a continuidade, preservando o que se tem aprendido entre uma geração e outra, em vez de negligenciar a tradição e ignorar o passado. Uma parte primordial do dever dos pais é manter a cultura em movimento. “Uma cultura”, diz Chesterton, “é algo completo que, de certo modo, abrange a vida e os costumes deste mundo; tem uma interpretação para tudo e se sai bem ao lidar com qualquer coisa”[3]. Mas, se todas as coisas estão separadas umas das outras e se a verdade que tudo une é deliberadamente evitada, então não é de se surpreender que tenhamos uma sociedade dividida, incapaz de se explicar de forma coerente e que constantemente tem que fazer novos experimentos educacionais, porque muitos estudantes fracassam em dominar mesmo as matérias mais fundamentais.
Pensar é uma habilidade e, como tal, pode ser ensinada. É uma habilidade simples que, todavia, requer um trabalho intenso. Na verdade, Chesterton diz que pensar é o mais árduo de todos os trabalhos. E o trabalho árduo, ele diz, é repugnante à nossa natureza[4].
Nós somos preguiçosos e preferiríamos ter alguém para fazer esse trabalho por nós. Não lutamos por nós mesmos, não nos entretemos por conta própria, não sabemos nos governar e sequer pensamos por nós mesmos – é muito mais fácil ter alguém que nos diga o que pensar.
Dentre outras coisas, pensar é difícil porque falar é difícil. Transformar nossos pensamentos em palavras precisas é um trabalho muito difícil e quando lançamos mão da linguagem descobrimos que ela sempre fica aquém do que queremos dizer. Chesterton diz que “nos debatemos com uma linguagem decaída assim como homens se debatem dentro de uma tenda que veio abaixo”.[5]
Mais ainda, parece que a linguagem continua a decair e é difícil imaginar quanto mais ela poderá se deteriorar. Ao que parece, vamos nos tornando cada vez menos articulados. Queremos falar cada vez mais, lançando mão de um número cada vez menor de palavras. Basta prestar alguma atenção à forma com que os jovens de hoje se expressam para se ter uma visão realmente tenebrosa do que será o futuro. Por incontáveis vezes podemos ouvir coisas como: “Tipo, tá ligado? Uhm … ele tá tipo olhando pra mim, tá ligado? E eu tô tipo assim: ‘por que você tá aí olhando pra mim?’ E ele tá tipo: ‘eu não tô olhando pra você.’ E eu, tipo assim: ‘mas parece que você tá olhando pra mim’ e ele tipo: ‘mas porque eu ia olhar pra você’ e eu tipo: ‘tô nem aí!’.
Reduziram essa forma de linguagem minimalista ao seu mínimo possível e o seu vocabulário consiste, quase sempre, de palavras e expressões como “tipo”, “uhm”, “tá ligado?” e “tô nem aí”, sendo esta última a expressão suprema do pós modernismo, que traduz perfeitamente a ausência de posicionamento e não significa outra coisa senão “não vou pensar sobre isso”.
E as outras palavras e expressões desse jargão, o que dizem exatamente?
“Tipo” indica uma falta de precisão e revela apenas uma aproximação, uma vaga semelhança. A pessoa não consegue dizer o que uma coisa “é”, mas apenas com o que ela se parece.
E o que significa “tá ligado”? Significa: “Eu não sei, mas espero que você saiba. Não sei o que estou dizendo, pois não consigo expressar o que eu realmente queria dizer ou, pior ainda, nem sei o que quero dizer.”
O “uhm” sintetiza tudo o mais que possa estar faltando no vocabulário e na mente do falante. É apenas um som totalmente sem sentido que, todavia, preenche a maior parte da sua fala.
Mas por que não conseguem falar? Porque não conseguem pensar. Faltam-lhes as palavras pelo fato de também lhes faltarem os pensamentos a elas correspondentes. E por que não conseguem pensar? Porque não lhes ensinamos a fazê-lo.
E o que poderia ser mais frustrante para eles? Ficam zangados por não conseguirem expressar sua raiva, por não conseguirem expressar coisa nenhuma. Por fim, extravasam sua raiva das formas mais inimagináveis e brutais – com música extremamente alta, que preenche suas cabeças vazias com som em vez de palavras, com o sexo sem amor que preenche suas almas vazias com um substitutivo da afeição, ou com o pior e mais trágico de todos os meios de extravasamento: com a morte violenta, com o assassinato dos seus bebês ainda no ventre, dos seus colegas de escola ou de si mesmos.
Sim, pensar é importante. Chesterton diz: “se você pensa de forma errada, age de forma errada”. [6] Por isso precisamos aprender a pensar.
Nossas escolas poderiam ensinar a pensar. As escolas medievais o faziam e isso é coisa que poderíamos recuperar facilmente. Chesterton diz que a parte principal do pensar se compõe de um pequeno número de máximas bastante elementares[7]. Sua aplicação nos pouparia muito trabalho e nos livraria de muitas dificuldades. Vamos considerá-las uma a uma:
- Toda prova começa com algo que não pode ser provado, mas apenas percebido ou aceito, a que chamamos axioma ou princípio fundamental.
“A fé precede todos os argumentos”, diz Chesterton. Este é um ponto estabelecido em Euclides. Euclides não pode provar uma proposição sem nos fazer concordar com suas hipóteses.[8]
Não se pode provar uma hipótese – pode-se apenas supô-la. Mas também não se pode raciocinar sem ela. Mesmo o Padre Brown, o grande detetive criado por Chesterton, faz essa afirmação: “Apenas um homem que nada sabe sobre a razão fala sobre raciocínio sem sólidos e incontestáveis princípios fundamentais”.[9]
Eis um princípio fundamental incontestável que Chesterton compreendeu quando ainda era jovem, muito antes de se converter ao Cristianismo, e que o ajudou a sair da depressão contra a qual ele lutava, estando imerso na sua escuridão pessoal: A existência é melhor do que a não existência.
Eu inventei, por mim mesmo, uma teoria mística rudimentar e provisória que era, essencialmente, isso: mesmo a mera existência, reduzida aos limites mais primários, era extraordinária o suficiente para ser entusiasmante. Qualquer coisa era magnífica se comparada ao nada. [10]
Partindo desta ideia podemos pensar como convém e evitar uma boa quantidade de pensamentos equivocados.
- Uma discussão só pode acontecer entre aqueles que aceitam o mesmo princípio fundamental.
Chesterton podia debater com qualquer um porque sempre conseguia achar, no argumento do seu adversário, algo com que estivesse de acordo. A partir desse denominador comum ele procedia com a demonstração da imperfeição do argumento.
O único tipo de pessoa com quem Chesterton se recusava a ter um debate era o Satanista, com quem ele não poderia jamais ter princípios fundamentais em comum. Eu chamei Chesterton de “O Apóstolo do Bom Senso” pela sua grande habilidade de apelar para verdades que todos nós reconhecemos como legítimas, ou seja, verdades que temos em comum. Há exceções, é claro. Há pessoas que rejeitam mesmo essas verdades comuns. Mas se nós não somos capazes de concordar nos princípios fundamentais como “a existência é melhor do que a não existência”, então realmente não podemos manter uma conversação, nem mesmo sobre o clima.
- Um ato só pode ser julgado pela definição do seu objetivo.
Uma das razões porque nós não sabemos como pensar é que não sabemos definir o objetivo de nossas ações. Chesterton diz: “A civilização moderna não sabe o que está tentando encontrar e, portanto, não o encontra”.[11]
Se dizemos que a existência é melhor do que a não existência, qual é o objetivo da existência? Chesterton responde: “O único objetivo da existência é significar algo”.[12]
Ao longo de toda a história sempre houve concepções gerais dos objetivos da vida. Multidões de homens se submeteram a testes de moralidade. Mas no mundo moderno esses vários sistemas foram abandonados e deles restaram apenas os detritos – um amontoado de peças soltas das ruínas das filosofias passadas. Há pessoas, como eu mesmo, que abraçam uma filosofia mística, crendo que, por trás de toda a experiência humana, há outras realidades habitadas por poderes do bem e do mal. Acreditam que a pedra de toque para tudo é a influência de cada coisa para o bem ou para o mal. O poder do bem tende a nos tornar felizes e é justificável que busquemos a felicidade. Todavia a questão principal não é se somos ou não felizes, mas se por trás das coisas pelas quais buscamos a nossa felicidade está o poder do bem e se estas são parte do bem ou do mal[13].
Todo mundo quer ser feliz. Mas podemos ser felizes com o mal? Existe um critério superior à mera felicidade? Para onde estamos indo? Podemos escolher ir para lá, ou apenas devemos ir para lá?
A maior parte das ideias sobre o comportamento humano são deterministas. Elas nos privam do nosso livre arbítrio. Nossas ações e suas consequências são explicadas pela biologia, pela psicologia, pela sociologia, pela economia, pelo sexo ou pelo nosso humor no momento em que fizemos a coisa. Chesterton assinala que todas essas filosofias modernas levadas às suas conclusões lógicas levam à loucura e à autodestruição. Um determinista rigoroso não pode dizer nem mesmo: “Por favor, passe-me o sal”.
O ataque ao livre arbítrio – a responsabilidade pessoal – também diminuiu a nossa capacidade de pensar por conta própria. Definhou em nós a mera noção de que deveríamos pensar por nós mesmos. Somente com o livre arbítrio somos capazes de desfrutar da liberdade de buscar a felicidade. E é por isso que a existência é melhor do que a não existência.
Assim, essas três máximas são essenciais e nos dão os fundamentos necessários para avaliar qualquer coisa: Quais são suas origens e quais os seus objetivos? Quais são os princípios fundamentais? Estamos de acordo o suficiente para argumentar? E qual é o nosso objetivo final?
Seguindo essas três máximas, saberemos como pensar. Há também outra maneira de aprender a pensar: seguir o exemplo de um grande pensador. Poucas coisas nos dão uma apreciação melhor sobre tudo do que testemunhar uma grande mente em ação. Por alguma razão, Chesterton me vem à mente aqui.
Chesterton começa pelo começo: a criação. As coisas existentes não poderiam ter saído do nada. Quando reconhecemos que Deus é o Criador, vemos tudo o mais em sua perspectiva apropriada. Chesterton está consciente de que a existência é, em si mesma, um presente que nós não merecíamos. A única resposta apropriada a um presente é a gratidão. Ele diz que “A gratidão é a forma mais elevada de pensamento”.[14] Se enchermos o nosso dia com gratidão, eliminaremos a maior parte da ira, da frustração e da distração com as quais damos nossa contribuição para a confusão geral do mundo.
O próximo ponto é que Deus nos fez à sua própria imagem. Esta é a base da dignidade de todos os seres humanos. Mas significa que nós também somos criadores – e esse é o fundamento da arte. Assim como nós somos o reflexo de Deus, as nossas criações são o nosso reflexo, espelhando a glória de Deus como uma enorme, brilhante e multifacetada pedra de diamante.
Mas o espelho está quebrado e há uma desconexão drástica entre Deus e nós. A conexão quebrada se chama pecado. Chesterton é um pensador “original” porque enfatiza o Pecado Original que, segundo ele, é a única doutrina Cristã que podemos provar.[15] Apenas olhe em volta. Há uma ordem criada e, mantendo essa ordem, somos felizes e livres. Ao perturbar essa ordem, infligimos a desordem que nos torna miseráveis. E o mundo todo é muito miserável.
Mas há uma forma de sair dessa miséria, uma solução tão criativa que só poderia ter vindo do próprio Criador, que Chesterton chama de “A História Mais Estranha do Mundo”[16], a história de Deus sacrificando-se em honra a si mesmo, virando as costas a si mesmo, sofrendo uma morte horrível por causa do horrível pecado no mundo, mas derrotando a morte ao ressuscitar dos mortos. Ou a história de Jesus Cristo é a verdade fundamental da existência, ou então é a mais fabulosa mentira da história. Mas, se é verdadeira, afeta tudo o mais. “As coisas podem ser irrelevantes sob a hipótese de que o Cristianismo seja falso, mas nada pode ser irrelevante sob a hipótese de que Ele seja verdadeiro”.[17]
Quando Cristo veio, Ele não criou uma nova religião; não começou uma sociedade ética, mas estabeleceu algo completamente diferente: uma Igreja. Essa Igreja construiu a nossa civilização. Trouxe-nos os sacramentos; deu autoridade à lei, equilibrou a justiça com a misericórdia, cuidou dos pobres, repreendeu os ricos, celebrou os casamentos, abençoou os bebês, enterrou os mortos. O mundo todo se voltou e roubou-a, ridicularizou-a e reduziu o seu papel na sociedade. Mas os portões do inferno não prevaleceram contra Ela. A Igreja Católica, diz Chesterton, não apenas está certa, como também está certa onde tudo o mais está errado.[18] E é por isso que Chesterton, esse pensador incrivelmente profundo e distinto, escolheu unir-se à Igreja e disse: “Tornar-se católico não é parar de pensar, mas sim, aprender a pensar”.[19]
Pense sobre isto.
Tradução: Álvaro Heringer
Notas:
[1] New York American, 10 de abril de 1935.
[2] G. K.’s Weekly, 27 de agosto de 1932.
[3] Ibid.
[4] ILN 26 de setembro de 1914.
[5] ILN 24 de dezembro de 1910.
[6] ILN, 12 de setembro de 1914.
[7] ILN, 10 de julho de 1915.
[8] Daily News (de agora em diante DN), 16 de julho de 1904.
[9] “The Blue Cross”, em The Innocence of Father Brown, CW 12:35.
[10] Autobiografia, CW 16:96.
[11] The Spice of Life (Philadelphia: DuFour Editions, 1966), 9.
[12] ILN, 11 de novembro de 1905.
[13] “The Need of a Philosophy”, The Philosopher 1 (1993), relato de uma conferência, 7 de março de 1923.
[14] A Short history of England, CW 20:463
[15] Ver “The Maniac”, em Orthodoxy, CW 1: 217
[16] Ver o capítulo intitulado “The Strangest Story in the World” em The Everlasting Man, CW 2: 331-45.
[17] DN, 12 de dezembro de 1903.
[18] Ver The Thing, CW 3: 190.
[19] The Catholic Church and Conversion, CW 3: 106.